1. |
Represa
05:07
|
|||
Como é triste essa ausência de tristeza
Um rio nasce no meu peito
Mas encontra uma represa
E ela é eu não ser você
Eu queria não te ver querendo assim
A fraqueza dessa vida
Que prossegue além do fim
Construiu-se algo que feneceu
Me aperta a garganta imaginar
Sentes falta sem querer reviver
Não te importa, eu sei, meu lugar
Mas sendo teu esse adeus, eu chorei
Eu te vi me vendo sem sequer supor
Que eu olhei sua indiferença
Como máscara da dor
Que talvez eu só inventei
Entendi que foi um sim e não um não
Entendi que foi bom
Pra ambos corações a decisão
Mas ao bom passado me agarrei
Me aperta a garganta imaginar
Sentes falta sem querer reviver
Não te importa, eu sei, meu lugar
Mas sendo teu esse adeus, eu chorei
Esse adeus, sendo teu, eu chorei
Chorei
|
||||
2. |
Breve
04:06
|
|||
Eu sonhei que você vinha
Igual naquelas velhas vezes
Que a gente se falava no portão
E você chegou sorrindo
E, como nunca, abriu os braços
E a gente deu um abraço de irmão
E como pode haver tanto dever
Se é só lembrança?
O sol já se escondeu mas as seis
Ainda sinto cobrança
De viver como o menino que ficou pra trás
De te ver como se enxerga sob o sol
E agora, quem sou eu?
Não queira saber.
E quem é você?
Não sei responder.
É pura besteira tentar quebrar a barreira
Do tempo que andou
E dá uma agonia fingir que passei pelas horas
E nada mudou
E é imenso o valor desse dia que ficou pra trás
Na memória guardado sem nenhuma dor
Agora, vejamos:
Eu não te vejo mais.
Outrora vivemos
Ventou, e eu vivi mais
O azul escuro é breve
E anuncia
Que logo já é noite
E foi-se o dia
|
||||
3. |
Pôr do Nada
04:11
|
|||
Nada novo no horizonte
Que reflete o pôr do sol
Que não vejo da janela
Que ilumina onde estou só
Vejo andando vários carros
Eles passam apressados
Rápidos, se vão
Eu, lento
Ouço cantando vários pássaros
Eu sorrio encantado
Vívidos, voam
Eu, mórbido
E como se estivesse esperando
Parado aqui, eu só olho, não ando
O nada canto
e o nada dói
Nada novo no horizonte
Que responde a cor do Sol
Que é laranja cor de fim
Que não tarda escurecer
Vejo aves como flecha
Indo para algum lugar
Múltiplas, seguem
Eu, só
Ouço crianças que brincam
Elas movem o momento
Lúdicas, sorriem
Eu, sério
E como se estivesse esperando
Parado aqui, eu só olho, não ando
O nada canto
e o nada dói
Sinto o sol da tarde terminar
Indo junto, tudo que testemunhou
Ótimo, deita
Eu, nada
|
||||
4. |
Faz de Conta
04:50
|
|||
Menino, amigo meu
Preciso muito Deus
Pra sentir tocar
Aquele lado seu
Que sempre me acolheu
Que sei que não morreu
Mas quer se ocultar
Pois é, você cresceu...
Mas vamos brincar:
Faz de conta que você não tem ninguém lá fora
Faz de conta que você é um de nós agora
Faz de conta que o amor que você quer tá aqui
Faz de conta que eu sou bom de te fazer sorrir
Eu vejo que sofreu
A gente não te deu
Um tempo pra esperar
E você se perdeu
Mas foi tão sem querer
Procure compreender
Eu sou tão criança quanto você
Pois então, vamos brincar:
Faz de conta que você não tem ninguém lá fora
Faz de conta que você é um de nós agora
Faz de conta que o amor que você quer tá aqui
Faz de conta que eu sou bom de te fazer sorrir
Seu caminho não é meu
Mas preciso relevar
Sinto falta de você
Ao te ver
Faz de conta que você não tem ninguém lá fora
Faz de conta que você é um de nós agora
Faz de conta que o amor que você quer tá aqui
Que o café da tarde é hora de se divertir
|
||||
5. |
Primavera e Prontidão
04:24
|
|||
Acho que vou sair de casa
Aqui dentro
Tá frio
Minha cara andou molhada
De águas
Desse rio
Vazio
Vazio
Eu só quero que saiba
Que foi esse seu sorriso
Que me fez querer sair
Que me fez buscar o meu avesso
Meu inverso
Minha conversa com o mundo
E tudo aquilo que é hostil
Fim de setembro, primavera
Vi uns brotos
E cores
Minha alma está em espera
Vou limpar
Os bolores
As dores
As dores
E eu só quero que saiba
Que foi esse seu sorriso
Que me fez querer sair
Que me fez buscar o meu avesso
Meu inverso
Minha conversa com o mundo
E tudo aquilo que é hostil
As dores
As dores
Não vou desistir
Cansei deste lugar de derrota
Do rito da estação
Participo
Não sei se vou alcançar alguma flor
Mas sei que lá fora pode vir o que for
Que estarei sempre a me dispor
De encarar o que a vida me propor
|
||||
6. |
Surpresa
04:31
|
|||
Ando contando nos dedos
Listando deveres
Com medo de errar
Ando colhendo as mais verdes
Que escolho a saber
Que hão de amadurecer
Em tempo adiante
Distante de antes
Em turno de nuvens e vento
Dorme bem longe um calor
Mas sempre existem surpresas
Que vêm trazidas
De longe pra cá
E é sempre que pego nos remos
Que o rumo dos ventos
Me obriga a velejar
Em tempo adiante
Distante do antes
Em turno de nuvens e vento
Passou por aqui um calor
Nesse inverno de pensamento
Eu vi um sol quente, um florescer
Nesse frio de galhos secos
Vi uma folha sobreviver
Na estação de observar
Eu bebi sem ver o quê
E gostei
Em tempo adiante
Distante do antes
Em turno de nuvens e vento
Passou por aqui um calor
|
Igor Pupo Jundiaí, Brazil
Igor Pupo é um cantor, compositor e artista visual brasileiro. Inspirado pelos desdobramentos da MPB contemporânea, ele utiliza elementos pop e experimentais para criar sua sonoridade reflexiva e sentimental, cantando poeticamente sobre as relações com o mundo ao redor. ... more
Streaming and Download help
If you like Igor Pupo, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp