1. |
Silêncio
03:23
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No começo do relógio
No começo do ano
No começo da contagem
Da rotação
Da translação
Do big-bang
O ponto que fecha
O ciclo, a janela
A única saída
Tudo se repete
A órbita se repete
O ponteiro se repete
O encanto do silêncio
É o som que já soou
E hoje meu sorriso
É recordar o que passou
Cheira branco essa manhã
Que chuvisca com frescor
Ontem foi um dia quente
Estive fraco e com calor
Segue o céu levando o tempo
Sem dizer uma palavra
Só me resta o vão suspenso
Da janela da minha casa
Toda luz parece turva
Toda cor anuviou
Não fiz nada nessa chuva
E meu dia esvaziou
Segue o céu levando o tempo
Sem dizer uma palavra
Meu alento dissolveu
Na janela da minha casa
Não aprendi a me renovar
Eu me prendi na canção passada
Nem sei mais o que esperar, pr'onde eu vou
Sem você
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2. |
Represa
03:31
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Como é triste essa ausência de tristeza
Um rio nasce no meu peito
Mas encontra uma represa
E ela é eu não ser você
Eu queria não te ver querendo assim
A fraqueza dessa vida
Que prossegue além do fim
Construiu-se algo que feneceu
Me aperta a garganta imaginar
Sentes falta sem querer reviver
Não te importa, eu sei, meu lugar
Mas sendo teu esse adeus, eu chorei
Eu te vi me vendo sem sequer supor
Que eu olhei sua indiferença
Como máscara da dor
Que talvez eu só inventei
Entendi que foi um sim e não um não
Entendi que foi bom
Pra ambos corações a decisão
Mas ao bom passado me agarrei
Me aperta a garganta imaginar
Sentes falta sem querer reviver
Não te importa, eu sei, meu lugar
Mas sendo teu esse adeus, eu chorei
Esse adeus, sendo teu, eu chorei
Chorei
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3. |
Breve Crepúsculo
04:06
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Eu sonhei que você vinha
Igual naquelas velhas vezes
Que a gente se falava no portão
E você chegou sorrindo
E, como nunca, abriu os braços
E a gente deu um abraço de irmão
E como pode haver tanto dever
Se é só lembrança?
O sol já se escondeu mas as seis
Ainda sinto cobrança
De viver como o menino que ficou pra trás
De te ver como se enxerga sob o sol
E agora, quem sou eu?
Não queira saber
E quem é você?
Não sei responder
É pura besteira tentar quebrar a barreira
Do tempo que andou
E dá uma agonia fingir que passei pelas horas
E nada mudou
E é imenso o valor desse dia que ficou pra trás
Na memória guardado sem nenhuma dor
Agora, vejamos
Eu não te vejo mais
Outrora vivemos
Ventou, e eu vivi mais
O azul escuro é breve
E anuncia
Que logo já é noite
E foi-se o dia
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4. |
O Som da Pista
03:27
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Toda noite estou ali
Desacompanhado por escolha
Viajando para lá
A alguns meses de distância
Do que eu deixei pra trás
Quase dando pra acostumar
Meu desejo é parar
Estou no escuro mas com foco no silêncio
Ao sentir a música, a lágrima me molha
Toda dor procuro ali
Desesperado por romance
O meu corpo a pista leva
A alma vai na contramão
Que o destino não a alcance
Seja lá quem ele for
Meu desejo é ficar
Toda noite estou ali
Toda dor procuro ali
Estou no escuro mas com foco no silêncio
Ao sentir a música, a lágrima me molha
Estou sereno mas em luta contra o tempo
Pra rasgar o espaço, parar o vento
Que o destino não alcance
Seja lá quem ele for
Meu desejo é...
Disfarça,
Hora de descer
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5. |
Pôr do Nada (ft. IZBL∆)
05:02
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Nada novo no horizonte
Que reflete o pôr do sol
Que não vejo da janela
Que ilumina onde estou só
Vejo andando vários carros
Eles passam apressados
Rápidos, se vão
Eu, lento
Ouço cantando vários pássaros
Eu sorrio encantado
Vívidos, voam
Eu, mórbido
E como se estivesse esperando
Parado aqui, eu só olho, não ando
O nada canto
e o nada dói
Nada novo no horizonte
Que responde a cor do Sol
Que é laranja cor de fim
Que não tarda escurecer
Vejo aves como flecha
Indo para algum lugar
Múltiplas, seguem
Eu, só
E como se estivesse esperando
Parado aqui, eu só olho, não ando
O nada canto
e o nada dói
Sinto o sol da tarde terminar
Indo junto, tudo que testemunhou
Ótimo, deita
Eu, nada
IZBL∆:
Eu… eu tava ali
Eu tava aqui
E do nada, por nada
O pôr do sol que se acaba
E não cala, alô quem fala?
Conectados a fio, vejo através de telas
Vejo feras em celas, gritando cancela
A noite caiu, até acendi uma vela
Que é só ela por ela, e a lua bela
Preta Izabela
Não é Cisderela
Mas roubei o sapato dela
Dos anseios diurnos
Na solitude noturna
Contando segundos
Colecionando segundas
Eu mudo plano de fundo
Faço plano de fuga
Esse é meu plano de fuga
Eu me desfaço, desfaleço e me refaço
Eu me embaraço, dou nó, faço até laço
Amanhã mais um dia, já já eu desembaraço…
Será que é menos um dia? Já já e desembaraço...
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6. |
Surpresa
04:56
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Ando contando nos dedos
Listando deveres
Com medo de errar
Ando guardando as sementes
Aguardando chover
Faz tempo que eu não vejo aguar
Em tempo adiante
Distante de antes
Em turno de nuvens e vento
Dorme bem longe um calor
Mas às vezes
No vento
Surpresas
Nos vêm
Voando
De longe pra cá
E é sempre que pego nos remos
Que o rumo dos ventos
Me obriga a velejar
Em tempo adiante
Distante de antes
Em turno de nuvens e vento
Passou por aqui um calor
Nesse inverno de pensamento
Eu vi um sol quente, um florescer
Nesse frio de galhos secos
Vi uma folha vir a nascer
Na estação de observar
Eu bebi sem ver o quê
E gostei
Em tempo adiante
Distante de antes
Em turno de nuvens e vento
Passou por aqui um calor
Já vivi invernos de amor
Já vivi invernos de solidão
Mas o frio sempre isola meu corpo do mundo
E entre blusas, cobertores e paredes
Me dói um tanto
O que salva
É o solzinho da manhã
E o som que o vento faz
Ele sempre tem algo a dizer
De um antes ou de um depois melhor
O que salva é escutar
Fora ou dentro
A voz do vento
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7. |
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Acho que vou sair de casa
Aqui dentro
Tá frio
Minha cara andou molhada
De águas
Desse rio
Vazio
Eu só quero que saiba
Que foi esse seu sorriso
Que me fez querer sair
Que me fez buscar o meu avesso
Meu inverso
Minha conversa com o mundo
E tudo aquilo que é hostil
Fim de setembro, primavera
Vi uns brotos
E cores
Minha alma está em espera
Vou limpar
Os bolores
As dores
E eu só quero que saiba
Que foi esse seu sorriso
Que me fez querer sair
Que me fez buscar o meu avesso
Meu inverso
Minha conversa com o mundo
E tudo aquilo que é hostil
Não vou desistir
Cansei deste lugar de derrota
Do rito da estação
Participo
Não sei se vou alcançar alguma flor
Mas sei que lá fora pode vir o que for
Que estarei sempre a me dispor
De encarar o que a vida me propor
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8. |
Dezembro
04:24
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Tempo de flor se foi
Tudo que andei pra chegar
Cansou em vão
Foco em deixar pra trás
E hoje o vazio tá no ar
E no coração
Suo de tédio na casa
Olho a chuva pesada
Logo ela seca
E o que fica
É o dia claro
Entregue pra mim
Falta-me o que fazer
Forte é o calor e eu não
Deito no chão
Alto me cobra o Sol
Fraco eu só sei esperar
Chuva de trovão
Suo de tédio na casa
Olho a chuva pesada
Logo ela seca
E o que fica
É o dia claro
Entregue pra mim
Por fim
Voltei de onde eu vim
Pra mim
O tempo acabou
Assim
Esqueço que aqui
Sou eu
Que faço avançar
Vento e chuva levou
E eu não saí
Oh, acaso, me empreste uma flor
Que me aponte o Sol
Tempo de flor se foi
E hoje meu sorriso
É recordar o que passou
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Igor Pupo Jundiaí, Brazil
Igor Pupo é um cantor, compositor e artista visual brasileiro. Inspirado pelos desdobramentos da MPB contemporânea, ele utiliza elementos pop e experimentais para criar sua sonoridade reflexiva e sentimental, cantando poeticamente sobre as relações com o mundo ao redor. ... more
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